terça-feira, abril 21, 2020

Estórias e Conversas Livres


Sabes uma coisa q observo? Desde que te conheço que andas sempre a volta desse tema, dessa complicação toda q tu crias. Porque precisas tanto de pensar nisso e não deixas só as coisas rolarem? Sempre achei que te complicas de mais.

Agradeço profundamente essa demonstração de carinho e luz que me dás.

É frequente eu ouvir pessoas que me estão sempre a me dizer algo parecido. "Porque é que pensas tanto!", e acabo por me sentir errado, desadequado, que estou a fazer as coisas mal, que estou perdido, que não confio em mim, que não me valorizo...

... então tento ser mais como me dizem, deixar as coisas rolar, mas sofro. Sinto dificuldade, um forçar que não me parece certo, que não me liberta. Sinto mais preso, mais pequeno…e nunca, nunca consigo ser como me dizem que eu deveria ser.

Então comecei a esconder… a não partilhar, a sondar antes de falar, a não falar sobre o que sinto, penso, vivo… a manter para mim, porque afinal nem sequer interessa a ninguém! Mas esconder quem sou apenas me trazia mágoa por não ser aceite, tristeza pelo pouco valor que tenho para o mundo, e solidão pela incompreensão.

E sei que todas essas pessoas queriam o meu bem, mas eu sentia uma dissonância, porque se por um lado me magoam dizendo que eu não estou bem, por outro reconheço o amor que me têem... confuso para mim, fazia-me duvidar de mim mesmo.

Eu adoro falar sobre o caminho que faço, sobre os passos que dou, sobre as coisas que vou descobrindo. Talvez não seja bom… mas dá-me tanto!

Cansei-me de lutar, e finalmente aceitei isso em mim.

E descobri coisas... que não estou errado. Apenas penso e sinto as coisas de maneira diferente.

Que Sou de comunicar. O meu valor não vem de se os outros concordam comigo ou não. Não tem que ser uma monoestória, pode e deve ser uma poliestória, ou mais uma livreestória!

Que o meu Amor incondicional não é só pelo outro mas aprendo a começar por mim próprio. E que é preciso ouvir não o que os outros dizem, mas o impacto que as palavras dos outros têm em mim. Aceitar não a forma mas o conteúdo, o amor implícito de alguém que quer apenas que sejas feliz. Da mesma maneira que me esforço para ver o melhor nos outros. Devo me esforçar para ver o melhor em mim

Que o meu nome é Henda, e quer dizer Compaixão… as ferramentas que precisamos estão sempre dentro de nós! 


Mas se és firme do que és porque tens q mo dizer? Porque tens de ser A, B ou C? Porquê preocupares tanto em tentares encontrar uma explicação para o que és, ou para o que tenhas ser?

Porque gosto de o partilhar. Simples.

Quando falo e partilho sobre o que sinto, e vivo coisas maravilhosas se criam, que vêm da Vida, da Sopa Original, do Ser… porque cria coisas maravilhosas, não tem que se ser A, B ou C, mas posso escolher ser também D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z 1 2 3 4 5 6... 


Oh ! O que causa estranheza é que tenhas tantas vezes de repetir isso! Porque sempre que falas cmg me dizes isso? Se tens tanta certeza q o és?

Não preciso de falar a ti ou a outra pessoa qualquer porque também descobri que isto faz confusão a algumas pessoas, em algumas causa até alguma ansiedade.

Demorei a perceber que nós pessoas somos panóplias de diferenças. E temos que ser iguais? Nem Deus é igual para todos!!! 


Ok. Então desculpa me por não ter percebido a importância disso para ti. Tenho muito orgulho da tua força. E é isso! Não deixes que ninguém meta em causa o que pensas! O q és.

Repito… Agradeço profundamente essa demonstração de carinho e luz que me dás.


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sábado, abril 11, 2020

Às vezes


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Ás vezes...

Acordo cansado
Corpo extenuado
e Penso em ti

Sentimentos Assim e Assado
Eu perdido e encontrado
Não espero ser salvo
Nem chegar ao fim

Revejo e reviso o passado
Como dele fui escravo
Destino fadado
Corpo já fechado
No ventre carregado
Semblante pesado
Recuso o castrado
E nasço de Mim

Futuro esperado
Sinto Maravilhado
Não desisto nem calo
Sentir não é Pecado
Passado é passado
Passado é expirado
Presente inspirado
... e Levanto-me assim!

sexta-feira, abril 10, 2020

Paixão

Na paixão... eu sinto tanto!... É imenso!... Sinto no coração um calor, na pele um arrepio, na garganta uma ânsia, no peito um peso, nas mãos uma vontade, nas entranhas um medo.

E sim, noto me mais velho do que antes. Já sei dizer que estou apaixonado. Já aprendi como a dor é certa, mas o sofrimento não. Ainda recordo como é forte em mim, como sempre foi... e como durante anos lhe fugia, pelo desconforto da confusão, pelos caminhos por onde me arrastava descalço, e pelas emoções que me rendiam incapaz de reagir, raciocinar ou racionar tudo isso!

Hoje já não sou a paixão. Vivo a paixão, sim... mas não sou a paixão. E vou aprendendo na pele que tudo passa e só fica o agora. Vivo a Insegurança e a Segurança de quem já conhece a sua insegurança. E agarro me ao que sou. Amor. Isso sim. Sou amor, na minha forma estranha e esquisita, confusa, completa e… “messy”.

Mas sou amor.

segunda-feira, abril 06, 2020

Still we Know Now...

... You'll never see smoke without fire...
And everyone you see has a heart desire!


As minhas locks têm sido de uma aprendizagem muito interessante e poderosa. Foram elas que chamaram RastafarI até mim porque, ainda sem sequer saber, eu vibrava uma energia que me ligava um movimento de reencontro comigo mesmo.
Com elas aprendi que muitas vezes o caminho mais fácil é difícil, e por vezes é pelo caminho mais difícil que facilmente se encontra aquilo que se procura.

No meu caso, eu procurava uma identidade, algo que me despertasse de uma letargia de décadas a vestir uma pele esbranquiçada que não era a minha.
Paradoxalmente afimei à minha volta que iria deixar crescer o cabelo, e no dia seguinte eu...  rapei todo o cabelo!
Pois... é que para mim eu queria eliminar os vestigios de quem tinha sido para recomeçar de novo a aventura de existir... 
... E sem saber estava também replicar um dos rituais de iniciação do Candomblé... em que a cabeça do Abian é raspada para renascer como Yawô. Mas disso falaremos noutro post.

Com o crescimento das minhas locks fui aprendendo a discriminação dentro da minha própria família, e ao mesmo tempo a força que tinha transcender uma visão apenas estética de mim próprio, para uma visão mais existencial... ter direito a ser quem eu escolher... Ainda que essa escolha tivesse consequências para arcar.

Aprendi que ser outsider, quando sempre viveste dentro do mainstream, não é fácil, mas faz-te ver o outro lado da vida, o lado de ser segregado apenas pelo aspecto físico, o "profiling" da polícia, a associação imediata ao tráfico e consumo de drogas... "isso é cabelo de bandido diziam-me!"

No meio disso tudo o cabelo foi ficando e crescendo. Odiado por muitos, gozado por outros tantos, e visto como uma excentricidade por todos, eu ia assim descobrindo a beleza de me desligar de um sistema de crenças que me tinha oprimido durante tanto tempo.

Descobri a Capoeira e ainda mais livre me senti, e depois... sim... só depois as locks me levaram a RastafarI. E foi num comboio, numa conversa que mudou a minha vida com umas palavras que me foram proferidas por um Rasta, enquanto eu lhe dizia que eu próprio não era RastafarI, e apenas tinha escolhido as locks porque me sentia bem com elas.

Ele respondeu

"Tu és Rasta, porque Rasta não está na cabeça... Está no coração!"



domingo, abril 05, 2020

O INÍCIO DE RASTAFAREU

Durante muito tempo RastafarI se tornou a minha maneira de pensar a religiosidade, a ligação com o Divino, com a Inspiração, com o Objectivo de Ser. Ao longo desse tempo fui lendo e aprendendo muitas coisas, fui largando outras, fui abrindo e fechando tal como o pulsar de um coração ou uma estrela.

Não tenho muito para dizer, pois acredito cada vez mais que o caminho que fazemos é nosso e de mais ninguém, e que aquilo que podemos passar é a alegria com que o percorremos, e nunca os passos que damos. Assim será este blog, recheado de ideias minhas, de pensamentos, deliberações.

Por vezes irei contradizer-me, isso não é problema, porque a contradicção é também um caminho, afinal só um louco ou ignorante é que não muda de opinião!

Bless InI RastafarI
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post original de 25 de Abril de 2012